23 de out. de 2009

O dia em que Júpiter encontrou Saturno!


Você gosta de estrelas?
Gosto. Você também?
Também. Você está olhando a lua?
Quase cheia. EDm virgem.
Amanhã faz conjunção com Júpiter.
Com Saturno também.
Isso é bom?
Eu não sei. Deve ser.
É sim. Bom encontrar você.
Também acho.
Você gosta de Júpiter?
Gosto. Na verdade desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra.
Que é isso?
Um poema de um menino que vai morrer.
Como é que você sabe?
Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.
Hein?
(silêncio)
Você tem cigarro?
Estou tentando parar de fumar.
Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
Você tem uma coisa nas mãos agora.
Eu?
Eu.
(silêncio)
Como é que você sabe?
Sabe o quê?
Que o menino vai se matar?
Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteçeram ainda.
Eu não sei nada.
Te ensino a saber, não a sentir, não sinto nada já faz tempo.
Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
Ninguém compreende.
Às vezes sim. Eu te ensino.
Difícil, morri em dezembro. Com cinco ntiros nas costas. Você também.
Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?
(silêncio)
Você tomou alguma coisa?
O quê?
Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, hetenamina, pscocibina, metedrina.
Não tomei nada. Não tomo masi nada.
Nem eu. Já tomei tudo.
Tudo?
Cogumelos tem parte com o diabo.
O ópio aperfeiçoa o real.
Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.
(silêncio)
Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
Alguma coisa se perdeu.
Onde fomos? Onde ficamos?
Alguma coisa se encontrou.
E aqueles guizos?
E aquelas fitas?
O sol já foi embora.
A estrada escureceu.
Mas navegamos.
Sim onde está o Norte?
Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.
(silêncio)
Você é virgem?
Sou e Você, de capricórnio?

Sou. Eu sabia.
Eu sabia também.
Combnamos: Terra.
Sim. Combinamos.
(silêncio)
Amanhã vou embora pra Paris.
Amanhã vou embora pra Natal.
Eu te mando um cartão de lá.
Eu te mando um cartão de lá.
No meu ccartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
No meu não vai ter uma pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.
(silêncio)
Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípicia. Parada ao meu lado, olhando de perfil.
Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. perdido no deserto, ofuscando pelo sol.
Vamos nos ver?
No teu chá. No meu chá.
(silêncio)
Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro nacama pensando em dormir com você.
Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
Vou te escrever carta e não mandar.
Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
Vou ver saturno e me lembrar de você.
daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
O tempo não existe.
O tempo existe, sim, e devora.
Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher sem encontrar, porque terei esqueçido. Alfazema?
Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou despedida.
E que uma palavra ou gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.
(silêncio)
Mas não seria natural.
natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
Natural é encontrar. Natural é perder.
Linahs paralelas se encontram no infinito.
O infinito não acaba. O infinito é o nunca.
Ouo sempre.
(silêncio)
Tudo isso é muito abstrato. está tocando Kiss, kiss, kiss. Por que você não me convida para dormirmos juntos.
Você quer dormir comigo?
Não.
Porque não é preciso?
Porque não é preciso.
(silêncio)
Me beija.
Te beijo.

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